quarta-feira, 22 de abril de 2015

 O homem da Casa Verde


Numa casa verde,  um homem conta  a fábula "A flor lilás".
As crianças estão sempre atentas,mas interrompem entre um paragrafo e outro, com perguntas difíceis. Curiosas, tudo desejam saber sobre a natureza.  Quando falta palavras para completar as respostas, o homem faz uma pausa. Diz que a natureza  é sábia. Doa tudo aos homens e cobra de volta, quando não é respeitada.
 
Em seguida, comenta sobre chuva fina que molha o quintal, sempre na mesma hora, antes do pôr do sol.

A flor Lilás olha para o homem e sorri. Agradece curvando as pétalas. A chuva vai embora. Lilás canta a canção das flores; lisiântos e  margaridas, ouvem em silêncio.O girassol responde no ritmo das frases, soltando as pétalas mais velhas.  As árvores dançam.

O homem da cada verde multiplica exemplos. Chora quando furtam-lhe os lírios e as rosas expostas no quintal. As crianças vão embora. O homem fecha a porta e fica hora a contemplar a cidade.

 No porão da casa, acaricia as páginas dos livros antigos. Seu maior sonho é saber que um dia, sua loucura será compreendida. A cidade inteira   ouvirá a sua voz.

 

Templo da Alma




Ventos da tarde transportam lembranças. Leva a poeira das calçadas, desbota a tinta das frases pichadas nos muros. Palavras pesadas soam em todos os recantos. A violência predomina nos jornais e na tv. AINDA PODEMOS GUARDAR a poesia no templo da alma.

 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Universo particular.


Na janela do ônibus, espero novas paisagens.  Vejo o vai e vem dos aviões e automóveis.  Lá fora, a vida passa morna, as pessoas sonham sonhos miúdos. Numa parada, meninos de rua, olham-me com olhares vagos.

A noite desce, estrelas fogem, cortam nuvens. O sono e a solidão acendem desejos; brotam pensamentos confusos.

O motorista do ônibus tem a face pesada. Os óculos escuros escondem lágrimas. Depois das meia noite, voltará para casa. Ás cinco da manhã estará na garagem. Os passageiros descem silenciosos.

 Vejo outdoors eletrônicos, leio frases pichadas nos muros. Em casa, à espera do sono, faço as malas.  Viajo para países distantes; recebo o abraço da humanidade inteira. Mas sempre retorno ao meu universo particular.