domingo, 8 de março de 2015


A mulher ideal

 
A natureza desenhou o corpo perfeito. A boca é de estrela hollywoodiana. Às vezes é rebelde, quando não consegue convencer o namorado para jantar na Rua 46. É inocente e sensual como a serpente no paraíso. Tudo parece perfeito; mesmo assim desespera-se; quebra espelhos dos hotéis onde se hospeda, atira nas janelas, caixas de maquiagem.  Acorda de salto, cílios postiços e  batom borrado.
O trânsito é vagaroso. Fica nervosa. Num outdoor lê a frase : Procura-se a mulher ideal.Esquece  o carro no estacionamento do shopping. Caminha a passos miúdos. Ouve assobios dos flanelinhas e dos  motoristas de ônibus. É indiferente a tudo. Solta os cabelos, abotoa o casaco estampado de flores.

 “Ela é louca e distraída, parece atriz dos filmes Godard” -  Gritam nos bares e no oitavo andar.

Embriaga-se na primeira esquina. Bebe rum com limão. Imagina estar num pub londrino. Tira da bolsa um livro de Simone Beauvoir.

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