sábado, 21 de março de 2015

Espelhos nos pés


O rapaz vestia-se todo de branco. Seus olhos expressavam a castidade dos jovens do século XIX. Foi educado nas boas escolas burguesas, respirava o ar de Paris e o estilo dos autores franceses. Ouvia Chopin e Bach à luz de velas. Lustrava os sapatos todas as tardes, para frequentar às festas.

Vozes em coro, exclamavam: "Esse rapaz tem espelhos nos pés".
As mulheres sentiam sua presença, bem antes de chegar. Desejavam apertá-lo e sentir  seu perfume.

As mocinhas, tremiam quando ele, timidamente, as convidava para dançar. Coladas no seu corpo, dançavam  músicas cubanas e brasileiras. Ás vezes ensaiava alguns passos de hip hop, só para fugir da pose. Os senhores mais velhos o achavam estranho.

"Existe algo de errado nesse moço". Tão boa pinta e volta para casa, sempre sozinho". - Comentavam.

Não sabiam eles, que em casa, ele tinha a companhia de gatos, cães amestrados da Dinamarca e quadros de artistas anônimos. Sempre no inverno, convidava amigos de outras regiões, para uma noite lírica.

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