A vez e a voz de Tonha
Cortou as unhas longas e duras. Elas riscavam a pele dos moleques e abandonava-os na primeira esquina. Os cabelos enroscavam-se nas árvores. Os braços velozes separavam as pedras do tempo e o sonho no colo de amores vestidos de nuvens.
No espelho das águas, ouvia vozes. Na floresta, sentia-se perseguida por estranhas figuras. Talvez desejassem acariciar o rosto mergulhado em passados.
No meio da noite, sua voz rouca, estilo filme de terror, espantava insetos da cabana onde dormia.
Nos olhos tímidos, estavam salientes os desejos. Imaginava guerreiros celebrando a volta dos deuses batucando tambores.
Antes de adormecer, Tonha sempre repetia a mesma canção ensinada pelos ancestrais:
"Mamãe Oxum, êêê! Ó mamãe Oxum, êêê"!
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