quinta-feira, 5 de março de 2015

Um poema para o mês de Outubro



Numa manhã de outubro, desejei escrever um poema em homenagem ao mês tão esperado. Não o fiz, porque ares de setembro estavam em meus dedos e cismavam recolher do chão, uma pálida flor.
Segui a passos lentos; na mão direita, um guarda-chuva transparente, esperava a chuva fina, soprada pelo vento leste.

Meus sapatos engraxados deixavam para trás a poeira de ontem. Esperavam o sol da tarde, prometido pela moça do tempo, no jornal do meio-dia.
     Ouvi na praça, uma mulher em trapos. A cidade a conhecia como Maria Louca.Seus gritos feriam ouvidos mais sensíveis:

"Tenho os olhos abertos e as mãos enormes, para colherem  estrelas vadias e cadentes".
 "Quero apagar as marcas dos beijos prometidos  e sentir o calor dos abraços parados no ar. Minha alma engole vento. Necessito de afagos para continuar jornadas".

   Quem sabe depois de amanhã teremos um  poema para guardar nas páginas de um livro? - Tenho comigo uma certeza: outubro renova os sonhos e abastece cestos de flores e frutos.

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